Manter a traça, preservar o espaço envolvente e garantir a perfeita integração de um novo edifício com a propriedade construída no século XIX foram os argumentos que convenceram o júri na atribuição do Prémio Januário Godinho 2025 ao projeto de reabilitação da Quinta das Águas, em Cabeçudos, da autoria do atelier Spaceworkers.
“Pelo rigor construtivo, qualidade dos materiais e coerência da linguagem arquitetónica” foram os fundamentos para a escolha deste projeto, que reabilitou a casa senhorial e a torre, recuperou a garagem de serventia e acrescentou a construção de um novo Pavilhão de Verão, melhorar o conforto e reforçar a relação entre arquitetura, luz e paisagem, recuperando a identidade familiar do lugar.
“Quando recuperámos a atribuição deste prémio, fizemo-lo precisamente com o objetivo de incentivar este tipo de intervenções, que valorizam o património existente e acrescentam modernidade, sem que a identidade se perca”, salientou o Presidente da Câmara, Mário Passos.
A requalificação da Quinta das Águas foi feita pelo atual proprietário, Jorge Silva, que desde o início teve como princípio a preservação do espaço.
“Quando tivemos a primeira conversa com os arquitetos, salientámos precisamente isso: queríamos recuperar o edifício, melhorar as áreas e o conforto, mas respeitar os elementos e o enquadramento da casa. E o resultado corresponde, fruto de um trabalho minucioso de todos os que tiveram intervenção nesta construção, dos arquitetos aos engenheiros, empreiteiro e todas as equipas de obra”, referiu o proprietário.
O espaço passa a contar com amplas áreas sociais no piso térreo, várias suítes distribuídas pela casa principal e pela torre — onde uma claraboia e uma escadaria em caracol são o elemento central de união dos espaços —, com sala de estar, sala de jantar, cozinha, arrumos, lavandaria e garagem, além de espaços de lazer como sala de cinema, balneários de apoio à piscina, áreas técnicas e um pavilhão transparente voltado para os espelhos de água.
A concurso nesta edição de 2025 foram apresentados três projetos, tendo a Quinta das Águas arrecadado o prémio no valor de 7.000,00 euros, cabendo 2.000,00 euros ao promotor e 5.000,00 euros à equipa projetista, recolhendo o voto do júri presidido pela Direção do Departamento de Ordenamento e Gestão Urbanística e constituído por um representante ou elemento designado da Divisão de Cultura e Turismo da Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão; da Secção Regional Norte da Ordem dos Arquitetos Portugueses; da Ordem dos Engenheiros – Região Norte; da Direção Regional de Cultura do Norte; da Associação Portuguesa para a Reabilitação Urbana e Proteção do Património; e da Universidade Lusíada – Norte, Campus de Vila Nova de Famalicão – Faculdade de Arquitetura e Artes.
Recorde-se que o Prémio Januário Godinho foi criado em 2001 e, desde 2017, recuperado na sua essência, com o objetivo de promover a salvaguarda e valorização do património e dar visibilidade às boas práticas de reabilitação urbana. A distinção deste ano reforça o compromisso do município com intervenções que preservem a identidade arquitetónica famalicense, em linha com o legado de Januário Godinho, arquiteto marcante na história de Vila Nova de Famalicão e autor — entre tantos outros em Famalicão — do projeto dos Paços do Concelho.